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Artigo Contra Celso Russomanno

"Estando bom para ambas as partes, está bom para Celso Russomanno", dizia o jornalista e repórter estreante no programa sensacionalista Aqui Agora, do SBT, na aurora da década de 1990. Sua proposta era simples: mediar conversas de consumidores que se sentiam lesados por vendedores e prestadores de serviço. Para tanto, frequentemente via-se obrigado a brigar com lojistas e correr atrás de devedores, o que lhe rendeu uma ampla e devotada audiência.


Passados 26 anos, esse mesmo repórter chega à TV com um novo bordão: "São Paulo sabe, a gente resolve". E é assim que Celso Russomanno, afiliado ao Partido Republicano Brasileiro, candidata-se, pela segunda vez consecutiva, ao cargo de prefeito de São Paulo. Contando com o apoio do Partido Social Cristão, do Partido Trabalhista Nacional e do Partido Ecológico Nacional, Russomanno efetivou sua candidatura logo após sua absolvição no Supremo Tribunal Federal do processo por desvio de verba pública, no começo de agosto.


A carreira política de Celso Russomanno iniciou-se com um convite de Mário Covas, que o aconselhou a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, em 1994—elegendo-se com 233.482 votos. Ao longo de sua trajetória política, as amizades e parcerias com as quais se envolveu, como a de Paulo Maluf, permitiram que a dicotomia do "ambas as partes", presente no bordão de outrora, ficasse cada vez mais evidente no Russomanno de hoje: de um lado, há o defensor público; de outro, o braço político de bancadas evangélicas e um dos grandes agentes que atuam na corrupção que permeia a política brasileira.


O lado "oculto" de Celso Russomanno deixou-se manifestar em diversas situações: em 1999, foi acusado de suborno pela CPI do Narcotráfico; em 2000, sofreu processo no STF ao simular contrato de aluguel de imóvel em Santo André a fim de disputar vaga de prefeito da cidade; em 2007, tornou-se réu no STF por danos ao patrimônio público e desacato, ao agredir um funcionário do Instituto do Coração, alegando que estava insatisfeito com o serviço; em 2010, tentou desfigurar a Lei Ficha Limpa, que busca implantar a inelegibilidade de políticos que compraram votos ou abusaram de poder econômico por um período determinado.


As propostas apresentadas por Russomanno para as eleições a prefeito de São Paulo antecipam e aludem a falhas semelhantes: ao ocultar informações essenciais a respeito da implantação de projetos de leis, confunde-se a percepção dos eleitores e, consequentemente, abrem-se possibilidades de desvio de verba pública. Sua proposta para a melhoria da saúde na cidade, por exemplo, conta com frases como “ampliar e integrar a rede de saúde (UBS, ambulatórios especializados, hospitais e vigilâncias) e adequar a equipe e o horário de funcionamento de acordo com as necessidades de cada região,” que não expõem orçamentos ou projetos concretos.


Ao optar por um candidato cujos interesses são duvidosos, são colocados em risco os direitos dos cidadãos e a integridade do governo municipal. Conscientizar-se sobre as reais intenções de Celso Russomanno, baseando-se em fatos que o seu passado evidenciam é, possivelmente, a única maneira de evitar um equívoco, cujas consequências serão gravíssimas à população de São Paulo.

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